Atualmente está circulando, mais uma vez, um questionamento antigo da Ciência Moderna a respeito da Astrologia, buscando colocar este conhecimento no lugar da “crendice”. Alguns estudiosos dizem ela ter 4000 anos, outros 5000 anos e outros vão além, 6000 anos. Mesmo com uma diferença de 1000 anos, para mais ou para menos, temos que reconhecer que é um conhecimento que perdura, contribuiu e continua contribuindo para o desenvolvimento da Humanidade.
Digo também “mais uma vez” porque este questionamento para com a Astrologia vem desde a origem da Ciência Moderna. A Astrologia já fez parte do corpo das Artes Liberais – o estudo das disciplinas próprias para formação do homem livre, capaz de produzir obras e idéias com o poder de elevar o espírito humano. Este antigo sistema de aprendizado visava o desenvolvimento das 5 virtudes intelectuais: compreensão, ciência, sabedoria, prudência e arte.
Segundo definições no dicionário: COMPREENSÃO é a totalidade de caracteres compreendidos numa idéia geral; CIÊNCIA é o conhecimento das causas prováveis; SABEDORIA é a compreensão das causas fundamentais; PRUDÊNCIA é o pensamento coerente concernente as ações; ARTE é o pensamento aplicado à produção e à capacidade de produzir.
Foi em 1637 com o Discurso do Método, de Descartes, que a Astrologia caiu em descrédito, sendo proibido seu ensino nas Universidades em 1660, quando a Astrologia foi banida do meio intelectual. Instalou-se, então, o racionalismo da Ciência Moderna refletido na afirmação de Descartes “Eu que penso, logo existo.” institucionalizando a dúvida como método de conhecimento – algo só existe se puder ser provada sua existência.
Hoje vemos a Ciência Moderna, de 379 anos, afirmar ser crendice um saber que vem auxiliando o homem a trilhar o caminho do conhecimento há, no mínimo, 4000 anos. Considerando que a Ciência Moderna, dentre as 5 virtudes intelectuais, sustenta sua metodologia em apenas uma delas – o conhecimento das causas prováveis – é perfeitamente compreensível sua aversão à Astrologia, pois esta continua mantendo em sua estrutura fundamental a reunião dos 7 saberes das Artes Liberais, ou seja, compreensão, ciência, sabedoria, prudência e arte.
Para traduzir a simbologia astrológica é necessário a lógica, a gramática e a retórica para trazer com clareza a interpretação verbal de seus símbolos; a aritmética e a geometria para os cálculos astrológicos e sua compreensão; e a sensibilidade musical para refletir a harmonia existente no universo simbólico. A astrologia também mantém em sua estrutura, proveniente da filosofia antiga, o reconhecimento de uma ordem maior, uma ordem superior refletida no movimento dos astros no céu e traduzida em sua linguagem simbólica…. e que funciona (o que deixa muitos cientistas furiosos)! Ela não se sustenta em uma crendice e sim em uma estrutura bem fundamentada pela matemática, geometria, lógica e a observação da correspondência de eventos no céu e na Terra.
A Astrologia Tropical (utilizada no ocidente) tem como referencial os pontos dos Equinócios e Solstícios. São eles que determinam a entrada das estações. O zodíaco é, verdadeiramente, um calendário natural que espelha a evolução do ciclo da Natureza pelo qual o homem aprendeu a se guiar, pois as mudanças da Natureza estão em harmonia com os movimentos do Sol, da Lua e dos Planetas. Nestas datas do Solstício e Equinócio ocorre a entrada de um novo ciclo de expressão da vida através da intensidade da claridade do Sol na Terra, refletido no início das estações. No Hemisfério Sul em 21 de julho(entrada do sol no signo de Câncer) ocorre o solstício de inverno ou a noite mais longa do ano, a partir desta data a claridade é crescente até a chegada de 21 de setembro (entrada do sol no signo de Libra), o equinócio da primavera, quando a claridade se mantém e o dia tem a mesma duração da noite, a partir desta data os dias se tornam mais longos até chegar em 21 de dezembro (entrada do sol em Capricórnio), é o solstício de verão ou o dia mais longo do ano, desta data em diante a claridade é decrescente e os dias se tornam mais breves até 21 de março (entrada do sol no signo de Áries), o equinócio de outono, quando novamente noite e dia tem a mesma duração. Pela Astrologia Tropical, quando o sol ingressa no signo de Áries inicia-se um novo ciclo marcado pelo início do zodíaco, 0º de Áries. O Zodíaco descreve a ordem dinâmica deste constante movimento da energia Vida, na qual estamos inseridos.
A Astrologia, embora antiga, permanece moderna e atual. Seus fundamentos e universo simbólico se enquadram no Princípio da Relatividade de Einstein – a compreensão do evento depende do referencial adotado. Assim, vejo que os Astrônomos precisam “baixar o nariz” para conseguir manter um olho no Céu e o outro na Terra e vir a compreender o Princípio da Correspondência, reconhecendo que há o alto e o baixo, o grande e o pequeno, o sábio, o aprendiz e o ignorante… e então aprender a valorizar o lugar da cada coisa para descobrir seu próprio lugar.